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Texto 17 IPÊ: Adoecer: Sempre uma possibilidade

9/5/2020

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Vincent Van Gogh. Autorretrato. 1889, Pintura, óleo sobre tela, 60x49.
“Não existe ninguém tão grande para quem seja uma desonra estar sujeito às leis que regem com igual rigor a atividade normal e a atividade patológica.” (Gay [1989] apud Freud [1996a]).

Essa afirmativa de Freud nos coloca diante da possibilidade de navegarmos mentalmente por mares nunca navegados.

Quantos relatos me foram comunicados: “Fiquei assim de uma hora para outra.” “Nunca pensei que pudesse sentir isso.” “Sentir isso é muito ruim.”

Enfim, podemos ver a angústia materializada nas expressões faciais, no tom de voz, na respiração alterada, pedindo ou depositando na pessoa do analista a responsabilidade de tirar esse mal.

Dentre as angústias que são comumente apresentadas podemos constatar que a perda de controle, a baixa resistência à frustração e projeção da cura fora de si mesmo se sobressaem de maneira especial.

No entanto é a possibilidade que temos no processo analítico de desintoxicar conteúdos tóxicos e ressignificá-los, já que são nossos, e a realidade não muda e sim nosso olhar sobre ela.

Enfrentamos o desafio de como dizer ao nosso paciente que não vamos curá-lo, na medida em que, muito comumente é a idealização do paciente em relação ao analista que motiva a procura da análise.

O processo de desidealização exige tempo e sensibilidade permeados pela perspicácia de antever a condição interna do paciente.

Tarefa difícil essa, bem como, captarmos o nível de excitação mental do paciente, ou seja, se podemos avaliar que está dentro de um nível aceitável que possibilita insights, uma vez que Freud nos alerta para observarmos o “Princípio da Constância” isso implica a tendência do aparelho psíquico em manter a quantidade de excitação num nível baixo ou pelo menos a mais constante possível, ultrapassar esse limite invariavelmente resulta na descarga através de sintomas (Freud, 1996b).

Temos angústias e conflitos que são particulares, próprios da nossa subjetividade, da nossa história, da maneira como vivemos e sentimos nossas experiências emocionais.

Hoje temos um medo que nos é comum, esse inimigo invisível, que nos ludibria, se transforma, se altera, se esconde e nos ameaça, parecendo estabelecer uma competição com algo desconhecido que temos e que se constitui uma das feridas narcísicas da humanidade: Temos uma mente inconsciente.

Assim essa impossibilidade de ter ainda conhecimento e, portanto, a segurança de estarmos protegidos desse inimigo nos deixa no escuro.

O escuro pode causar medo, incertezas e despertar ruídos internos que estavam sendo “abafados” ou protegidos pelas defesas.

O que fazer diante disso?

O caminho que comumente percorremos junto aos nossos pacientes na experiência de estarmos juntos é permeado por investigação, escuta, continência e disponibilidade.
​

Na tentativa ou na função de despertarmos ou fortalecermos a condição de aceitação e enfrentamento dos nossos pacientes em relação a sentimentos ou realidades que causam sofrimento, objetivamos ajudar a criação de recursos internos ou utilizar os que eles já tinham e não se apropriavam deles.

Assim, também podermos nos apropriarmos dos nossos recursos internos facilitando a esperança de estarmos fortalecidos diante da possibilidade de adoecer.
​


Referências:
Freud, S. (1996a). Leonardo da Vinci e a lembrança de sua infância. Coleção Standard. Ed. Imago: Rio de Janeiro, RJ. Trabalho original publicado em 1910.
Freud, S. (1996b). Para além do princípio do prazer. Coleção Standard. Ed. Imago: Rio de Janeiro, RJ. Trabalho original publicado em 1925.
Gay, P. (1989). Freud uma vida para o nosso tempo. Denise Bottman (Trad.). Ed. Companhia das letras: São Paulo, SP. Trabalho original publicado em 1988.

Por: Alice Ivone Marconi França. Graduação em Psicologia (CRP: 06/8519) pela Universidade de São Paulo, Mestre pela Universidade Federal de São Carlos, Especialista em Psicoterapia Analítica de Grupo pela SPAGESP, membro titular e diretora suplente do Departamento de Supervisão do IEP/RP.
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