A   pandemia   causada   pelo   COVID-19   vem   despertando   muitas   reflexões   no   grupo do departamento científico do IEP-RP, composto por mim, Ana Lucia Ferreira de Albuquerque, Luís Gustavo Faria Aguiar e Mariana Siqueira Bastos Formighieri, e em todo o grupo do IEP.

Em tempos de muito medo, pânico e angústia, temos nos perguntado: como manter a ciência psicanalítica viva, quando a nossa maior matéria é feita de encontros e de relações?

Nosso primeiro evento da atual gestão precisou ser adiado, e junto com a frustração desta necessidade, vimos nossas mentes também travadas, mesmo que momentaneamente.
 
Retomar a capacidade de pensar, de produzir ciência, quando o medo entra em cena, é talvez um dos maiores desafios do homem. E este tem sido nosso desafio: manter a ciência psicanalítica viva, quando há angústia e isolamento físico.

Ainda não sabemos a resposta. Precisaremos utilizar da capacidade negativa (tema do evento adiado que ainda acontecerá, mas sem data prevista) para tolerar o não-saber, tolerar a espera do que ainda virá, das necessidades que ainda se imperarão sobre a nossa realidade, das saídas e soluções que ainda encontraremos. 

Para isso, acreditamos ser necessário estarmos dispostos a sentir, e assim pensar, e nos movimentar. 

Para darmos início ao movimento, estamos lançando o IPÊ: um programa de publicações de textos autorais de membros do IEP, além do compartilhamento de material que nos auxilie nesta jornada de muito crescimento e aprendizado.
 
Por hora, cientes de que a psicanálise vive de sonhos e dores vividos a dois, acreditamos que ela se manterá viva enquanto três, dez ou 7 bilhões de pessoas estiverem experienciando algo.

“(…) o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da
travessia” (Guimarães Rosa)

Carta de lançamento escrita por: Marina Delduca Cilino (Diretora do Departamento Científico do IEP-RP)